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NOTÍCIA

MT registra o maior índice de desmatamento da Amazônia nos últimos 10 anos

A análise foi feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com base em dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). O destaque está para Colniza e Aripuanã, com um quarto do desmatamento total do estado.

Data: Terça-feira, 11/12/2018 11:47
Fonte: Por André Souza, G1 MT

Entre agosto de 2017 e julho deste ano, Mato Grosso registrou a maior taxa de desmatamento na floresta amazônica nos últimos 10 anos, segundo um levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida (ICV). A análise foi feita com base em dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).

No período analisado, foi mapeado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) 7,9 mil km² de áreas desmatadas em todo o bioma.

O índice é o maior registrado nos últimos 10 anos. Antes deste período, a maior taxa havia sido registrada em 2015, quando 1,6 mil km² foram desmatados.

Por outro lado, 2012 teve o menor índice quando 757 km² foram desmatados ilegalmente.

O índice de desmatamento em 2018 é o maior registrado nos últimos 10 anos, segundo o levantamento — Foto: Daniel Beltrá/ Greenpeace

O índice de desmatamento em 2018 é o maior registrado nos últimos 10 anos, segundo o levantamento — Foto: Daniel Beltrá/ Greenpeace

Entre 2009 e 2018, o aumento na taxa de desmatamento foide 67%. Para o IVC, o aumento na década e a constante nos índices apontam a ineficiência das ações implantadas para reverter o cenário, apesar dos esforços para tal.

“Os dados indicam que as ações feitas pelo estado para conciliar produção com conservação não estão sendo suficientes. Apesar de diversos esforços, a taxa cresceu desde que o governo se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal durante a Conferência do Clima, a COP, em 2015 em Paris”, diz a instituição.

 

Em contra partida, enquanto a taxa de desmatamento aumenta, o número de autos de infração relacionados ao desmatamento caiu.

Na última década, 2018 foi o ano com o menor número de autos lavrados, com 541 ocorrências. Em 2008, a taxa era de 1.585.

 Dez municípios com maiores áreas desmatadas de agosto de 2017 a julho de 2018  — Foto: Reprodução

Dez municípios com maiores áreas desmatadas de agosto de 2017 a julho de 2018 — Foto: Reprodução

Concentração do desmatamento

Em 2018, 55% de toda a área desmatada se concentrou em 10 dos 141 municípios de Mato Grosso. Os municípios ficam em sua maioria nas regiões Noroeste e Médio Norte.

No ranking, Colniza – município marcado pela violência agrária e disputa de terras, aparece em primeiro lugar.

Aripuanã, Nova Maringá, Paranaíta, Cláudia, Nova Bandeirantes, Querência, Feliz Natal e Rondolândia completam a lista.

Áreas desmatadas por categoria fundiária, de agosto de 2017 a julho de 2018 — Foto: Reprodução

Áreas desmatadas por categoria fundiária, de agosto de 2017 a julho de 2018 — Foto: Reprodução

Onde o desmatamento é feito?

O levantamento do ICV analisou em que propriedades a derruba da floresta é feita. A conclusão é que a irregularidade é praticada em imóveis rurais privados cadastrados no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar). Em seguida, aparecem os imóveis não cadastrados.

Juntas as duas categorias representam 83% do total desmatado em 2018.

Logo depois aparecem os projetos de assentamentos da reforma agrária, que concentraram 12% da área desmatada.

As Terras Indígenas (Tis) respondem por 5% do desmatamento detectado. Os maiores índices foram registrados na Aldeia Zoró, Marãiwatsédé e Menku.