ARIPUANÃ, Sexta-feira, 29/03/2024 -

NOTÍCIA

Filme com locações no município de Castanheira é referência no mundo

O filme, listado entre os 12, é de 1985 e mostra o extermínio de índios na região noroeste de Mato Grosso, destacando especialmente o fato histórico conhecido como “O massacre do paralelo 11

Data: Sábado, 06/02/2016 00:00
Fonte: Revista Innovare, 7ª edição

Uma recente postagem da professora Marta Troquez, professora da UFGD, Universidade Federal da Grande Dourados, sobre os 12 filmes que tratam com mais realismo a temática da descolonização, colocou a produção Avaeté – A Semente da Vingança, em evidência. O filme, listado entre os 12, é de 1985 e mostra o extermínio de índios na região noroeste de Mato Grosso, destacando especialmente o fato histórico conhecido como “O massacre do paralelo 11, que aconteceu em 1962 mas só veio à tona em 1968, especialmente com os registros de Darcy Ribeiro no livro “Os índios e a civilização”. Uma das cenas teve repercussão mundo afora, sendo destacada numa fotografia da conceituada revista Time, dos EUA. Trata-se da morte de um bebê, que na história real levou um tiro na cabeça e a mãe foi cortada ao meio com um machado. “Em todas as salas que foi exibido, o momento da cena causou espanto”, diz o diretor, Zelito Viana.

 

Muitos castanheirenses tem histórias para contar sobre a película. Alguns foram figurantes nas cenas rodadas em Castanheira. “Meu avô participou da cena na entrada da Rezzieri Madeira Ltda”, lembra Wagner Fernando, referindo-se a Jose Artur, pecuarista, dono da Fazenda Flor da Serra à época, que atua como porteiro da empresa. Outro que se destaca é Antonio Stangherlin, esposo da ex-prefeita Zilda Stangherlin, que atua como capanga. Entre as crianças que aparecem na cena de um pequeno avião chegando na pista da Rezzieri estão os hoje adultos Diego Zonta, Secretário de Educação, e a professora Kátia Souza. Até mão de obra local foi empregada, como o trabalho de Salésio Rondon, que construiu a maquete do mesmo avião, mais tarde incendiado. A presença das equipes de filmagem na região, especialmente em Fontanilhas, despertou a atenção de todos, até porque era um desafio realizar uma produção retratando o extermínio dos índios Cinta Larga – representados nas filmagens por voluntários da etnina Rikbaktsa – por madeireiros, considerando-se a realidade da época, em que a madeira era a base da economia local, acrescentando-se a isto o fato do país estar sob o regime militar.

 

Além da denúncia, Avaeté insere pitadas de aventuras. Algumas cenas, produzidas para criar mais impacto, não refletem a realidade, como o incêndio de uma aldeia. Mas, embora se trate de uma obra de ficção, destaca-se pela temática, o que lhe valeu prêmios nos festivais de Moscou e Rio de Janeiro. O elenco da produção reuniu o melhor do cinema nacional, destacando-se nos papéis principais Hugo Carvana, Renata Sorrah, Jonas Bloch, José Dumont, Nina de Pádua, Milton Rodrigues, Claudio Marzo e Claudio Mambert. Como Avaeté, único do massacre, Macsuara Kadiweu conseguiu  altos elogios da crítica cinematográfica. “Ele deu vida ao índio valente que conseguiu vingança pelo extermínio do seu povo. A história se mescla com Avaeté, porque a sua pele é símbolo do sofrimento de toda uma vida”, escreve Maarianna Marimon, no texto que recomendamos para quem não tem maior conhecimento.