(Foto: Arquivo pessoal/ Daiane Freitas Cervantes)
A funcionária pública Marilene Freitas Cervantes, de 62 anos, morreu nesta segunda-feira (23) depois de ter sido picada por uma cobra no município de Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde morava, e passar quatro dias internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Sorriso, a 420 km da capital, para onde foi transferida por falta de soro antiofídico em Sinop.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), desde 2014 o Ministério da Saúde reduziu a quantidade do produto em todo o país por problema na produção.
A filha de Marilene, Daiane Freitas Cervantes, contou ao G1 que a mãe tinha ido passar férias em um sítio do irmão, a aproximadamente 70 km da zona urbana de Sinop. "Ela foi na quinta-feira à tarde e às 22h20 do mesmo dia foi picada por uma jararaca", contou.
A cobra estava debaixo de uma escada do sobrado. "A casa tem uma cozinha grande embaixo e em cima ficam os quartos. O acesso à parte superior é feita por uma escada que fica do lado de fora. A minha mãe iria subir a escada quando a cobra a picou", afirmou Daiane.
Havia outras pessoas no local no momento do incidente, incluindo o sobrinho de Marilene, que matou a cobra. A vítima foi socorrida às pressas e levada até o hospital de Sinop. O animal, já morto, também levado para que os médicos soubessem a espécie do animal, o que poderia ajudar no tratamento da paciente.
"O médico que a atendeu me explicou hoje que o veneno da jararacaca tem uma propriedade que não deixa o sangue coagular e, assim, já vai para a corrente sanguínea", disse a filha. Ela contou que a mãe era saudável e trabalhava. "Ela só tinha pressão alta, mas tomava remédios", disse.
Ela contou que a mãe ficou inconsciente depois de chegar ao hospital. "A levei ao banheiro, dei água à ela, e depois ela reclamou de muitas dores na cabeça. Daiane reclama que houve demora na aplicação do soro antiofídico, já que não havia o medicamento na unidade de saúde mais próxima. Para ela, isso pode ter contribuído com a morte da mãe. "Foi dado o soro antiofídico às 3h, cinco horas depois dela ter sido picada", pontuou.
Segundo a certidão de óbito, Marilene morreu em decorrência de um choque neurogênico, hemorragia cerebral difusa, acidente botrópico e hipertensão arterial severa. De acordo com o médico Marcelo Sandrin, provalvelmente, o problema de pressão da servidora contribuiu para a hemorragia cerebral.
"O veneno na cobra causa dano vascular, distúrbio de coagulação, que leva a parada dos centros vitais", afirmou, explicando que a morte se deupor agressão e lesão ao sistema nervoso central.