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NOTÍCIA

Padaria do Moinho e posto no CPA eram pontos para pagamentos de propina da Caramuru, diz delator

Data: Terça-feira, 23/05/2017 00:00
Fonte: OLHAR DIRETO

Padaria do Moinho

 

Em delação premiada feita à Delegacia Fazendária (Defaz), o advogado Themystocles Ney de Azevedo de Figueiredo revela que a Padaria do Moinho e um posto de combustível na Avenida do CPA eram os pontos de encontro para entrega de parte da propina de R$ 1,8 milhão da Caramuru Alimentos S/A no esquema de redução de multa aplicada pela Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz). O recebedor das quantias seria o agente de tributos André Fantoni, que usava seu veículo para tal finalidade. As informações constam do acordo de delação premiada firmada pelo advogado.


Themystocles confessou ter simulado contrato para receber propina da Caramuru Alimentos S.A num conluio para não pagamento de tributos que lesou os cofres públicos em R$ 65 milhões. Conforme os autos, ao tomar conhecimento via imprensa, de investigações vinculadas a empresa Caramuru Alimentos S.A, ele formulou proposta ao Ministério Público de colaboração premiada, instruída com documentos, noticiando fatos que acreditava estarem correlacionados com aquela apuração. O advogado é apontado como responsável por lavar e efetuar a entrega dos repasses ao agente André Fantoni, apontado como articulador do esquema.
 


"Combinávamos a entrega do dinheiro: a) ao lado da agência do Bradesco, na Av. Historiador Rubens de Mendonça, no posto de combustíveis Petrobrás; b) na padaria do Moinho, localizada no bairro Bosque da Saúde; c) no apartamento do mesmo, localizado no Bairro Jardim Aclimação”, afirma Themystocles Ney de Azevedo de Figueiredo, em trecho de delação feita em março deste ano, obtida pelo site Mídia News.


 
O delator acrescenta que boa parte dos encontros para entrega dos valores ocorriam dentro de um “Hyundai, IX35, cor branca, com película protetora de vidros 'insulfilm 100%' (o que permitia que não nos víssemos no interior do veículo conversando)".


 
Entenda o caso:
 
Três agentes de tributos estaduais tiveram mandados de prisão cumpridos, em uma operação deflagrada pela Polícia Judiciária Civil (PJC-MT), na manhã de quarta-feira, 03/05. A operação Zaqueus é fruto de trabalho conjunto realizado pela Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), corregedoria da Secretaria de Estado e Fazenda (Sefaz-MT), e com apoio do Gabinete de Transparência e Combate à Corrupção.


 
As ordens judiciais foram cumpridas em Cuiabá (um mandado de prisão, um de busca e apreensão e a condução coercitiva) e no Rio de Janeiro (dois mandados de prisão e de busca) com apoio da Delegacia de Repressão as Ações de Crimes Organizados (Draco-RJ). Tiveram mandados de prisão cumpridos os agentes de tributos estaduais André Neves Fantoni, Alfredo Menezes Mattos Junior e Farley Coelho Moutinho.



As investigações que resultaram na operação visavam apurar a concessão de decisões administrativas favoráveis a determinadas empresas em razão do pagamento de vantagens indevidas, de valor aproximado R$ 1,4 milhão, a servidores públicos estaduais. A operação tinha o objetivo de dar cumprimento a sete ordens judiciais, sendo três mandados de busca e apreensão, três de prisão preventiva e um de condução coercitiva.


  
De acordo com as informações apuradas durante inquérito policial, os agentes, de forma conjunta e organizada, beneficiaram a empresa Caramuru Alimentos A/S, reduzindo a autuação da empresa de R$ 65.938.391,10 (sessenta e cinco milhões e novecentos e trinta e oito mil e trezentos e noventa e um mil reais e dez centavos) para aproximadamente R$ 315 mil. Para reduzir o valor da autuação da empresa, os agentes receberam o pagamento de vantagens indevidas do montante de cerca de R$ 1,8 milhão.