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NOTÍCIA

Tribo na Amazônia quer garantir futuro com projeto de carbono

Data: Terça-feira, 20/07/2010 00:00
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Fonte:bbc Brasil

Uma etnia indígena da Amazônia brasileira quer ser pioneira na elaboração de um projeto de redução de carbono para financiar o seu desenvolvimento de forma sustentável.

Os Suruis que vivem entre os municípios de Cacoal (RO) e Aripuanã (MT), Suruí (que significa “gente de verdade”), detêm a posse da reserva Sete de Setembro, na divisa entre Rondônia e Mato Grosso,na região noroeste de Matogrosso, querem receber recursos para manter a floresta de pé, e aplicar o dinheiro em um plano de desenvolvimento capaz de garantir pelo menos meio século de sobrevivência da etnia.

A reserva, homologada em 1983, tem uma área total de cerca de 248 mil hectares, dos quais 243 mil ainda estão preservados. A idéia é que a etnia se comprometa a evitar o desmatamento dentro desta área e, em troca, receba recursos oriundos da não-emissão de CO2 na atmosfera.

Para saber quanto carbono deixará de ser emitido, técnicos do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesan) estão fazendo um estudo do estado de degradação da área e de como ela poderia ser recuperada a partir da adoção de atividades sustentáveis.

Atividades de exploração degradaram parte da reserva de 248 mil hectares
Sem fonte de renda, muitos indígenas fizeram acordos para explorar a madeira ao redor de suas aldeias. Outros arrendaram terras para a pecuária ou para o plantio do café. Uma situação que perdurou até há poucos anos.

"O território está relativamente conservado, mas a tendência para o futuro é de que, sem nenhum projeto, aumente a área desmatada", explica o coordenador do estudo de campo, Gabriel Carrero.

"Nosso trabalho hoje é entrar na terra indígena para procurar essas áreas de degradação e avaliar o grau de degradação."

A pesquisadora do Idesan Claudia Vitel diz que a definição desta variável permitirá estimar quanto carbono poderia deixar de ser emitido até 2050 a partir de atividades sustentáveis que podem "afetar a cobertura da terra no futuro".

Essa estimativa, a da quantidade de CO2 não-emitido é convertida em créditos de carbono, que são vendidos no mercado internacional. Uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono. O preço do crédito tem variado muito, está em torno de 13 euros (cerca de R$ 30).

Com o estudo, o Idesan quer obter certificações internacionais para garantir a validade do projeto e atrair recursos de investidores.

Feição indígena

Não será o primeiro projeto de redução de emissões de carbono por desmatamento e degradação – mais conhecidos pela sigla Redd – no Brasil, mas os Surui querem que este seja o primeiro intimamente relacionado à sobrevivência de uma etnia indígena.