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Família e amigos velam Hugo Carvana no Rio

Data: Domingo, 05/10/2014 00:00
Fonte: Luisa Girão e Léo Martinez do EGO, no Rio
Ator morreu aos 77 anos no sábado, 4; velório acontece no Parque Lage e cremação está marcada para esta segunda.
Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
 
Pedro, filho de Hugo Carvana, coloca uma faixa do Fluminense no caixão  (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)

Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Velório de Hugo Carvana acontece no Parque Lage, na Zona Sul do Rio (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Hugo Carvana em 2008 (Foto: TV Globo / Fabrício Mota)
Carvana em 2008 (Foto: TV Globo / Fabrício Mota)

Familiares e amigos de Hugo Carvana participaram do velório do ator e diretor neste domingo, 5, no Parque Lage, Zona Sul do Rio. A família tentou que a cerimônia acontecesse no campo do Fluminense, time de coração do Hugo, mas acabou optando pelo parque. O corpo chegou ao local por volta de 8h15 e foi recebido por Pedro, filho do ator, que vestia uma camisa do time do pai. Pedro colocou uma faixa do tricolor sobre o caixão e objetos pessoais do pai, muitos usados nos filmes dirigidos por ele, como a placa usada no filme "O homem nu" e a garrafa de cachaça do filme "Bar esperança", protagonizado por Marília Pêra.


"A partida do meu pai é dolorosa, mas ao mesmo tempo é uma oportunidade de celebrar o que o Carvana deixou de legado. A mania de olhar a vida com humor, alegria e com a elegância de um vagabundo errante. Tem de tentar aproveitar para olhar um pouco a figura e trazer para os dias de hoje a alma de passarinho, a inocência e leveza que ele levava a vida", disse ele, fazendo referência a uma das maiores obras de seu pai, o filme "Vai trabalhar, vagabundo".

 


A mulher de Hugo, a jornalista Martha Alencar, falou sobre o marido, com quem estava casada há 46 anos. "Ele bebeudemais, riu demais e amou a vida. Ele tinha um humor cortante, devastador, mas nunca rompeu com os limites do respeito. Estou meio desarticulada. Hoje é meu primeiro dia sem ele. É difícil. Ele era um brasileiro de verdade, preocupado com o destino do pais. Um carioca considerado a imagem do Rio. Um suburbano autêntico." Maria Clara Carvana, uma das filhas do ator e diretor, emendou: "Foram 77 anos de uma vida bem vivida e intensa. A gente nunca se prepara suficientemente. É uma dor, sem palavras. Mas fica a alegria da vida que levou. Levamos de lição o cinema, a boemia e a Alegria."

 

Martha lembrou também de como Hugo foi seu companheiro quando ela precisou deixar o país na época da ditadura. "Ele era um companheiro de vida, de trabalho e de luta. Ele sempre esteve do meu lado... Quando tive de sair do país porque eu era militante, ele foi comigo."

 

Segundo ela, foi intencional o fato de esconder da mídia que Hugo Carvana estava novamente com câncer. "O que o estava mantendo vivo era o trabalho. Até tentamos não divulgar muito o câncer porque estávamos participando de vários editais. Ele queria voltar a dirigir logo. Ele tinha Parkinson, mas ele voltava por cima. Ele dirigiu os dois filmes sem conseguir andar, mas o clima no estúdio era maravilhoso. Ele sempre deu a volta por cima."


Rita Carvana, outra filha do diretor, disse: "A gente se prepara para um filme,
mas nunca para isso. Mas ele lutou muito. Tinha muita garra e acreditava na sua recuperação."


Zelito Viana no velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Zelito Viana e Vera de Paula
(Foto: Marcos Serra Lima/EGO)

O cineasta Zelito Viana, acompanhado da mulher, a produtora Vera de Paula, falou sobre a importância do amigo. "Um dos poucos cineastas brasileiros que o filme tinha uma assinatura. Em cinco minutos você sabia que o filme era dele. Era bem humorado, meio decadente - no bom sentido. Já como ator, era também um gênio. Fazia qualquer tipo de papel. Já fiz mais 10 filmes com ele. É uma grande perda. Ele era meu amigo."


O paulista Otávio Augusto lembrou da importância de Hugo Carvana ao desembarcar no Rio, no início da carreira. "Carvana era meu amigo há mais de 40 anos. Quando cheguei no Rio, foi ele que me recebeu e me tornou carioca. Perder o Carvana é perder uma parte genuína do espírito carioca. É uma perda muito grande."


O corpo será cremado nesta segunda-feira, 6, em cerimônia fechada para a família no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária, às 10h. O local onde as cinzas serão jogadas ainda não foi decidido pela família. "Ainda não pensamos nisso ainda, mas vamos encontrar um local à altura", disse a filha de Carvana, Maria Clara.


Milton Gonçalves estava muito abalado com a morte do amigo e disse: "Era um amigo direto, brincalhão e de muito bom humor. Era um amigo perfeito, se se isso existe. Ontem foi um susto, mas uma hora todo mundo sobe para o segundo andar. Mas poderia ter demorado um pouquinho mais."


Lúcia Veríssimo (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Lúcia Veríssimo (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)

Dono de uma  grande alegria

A alegria de Hugo Carvana também foi ressaltada pela atriz Lúcia Veríssimo. "Tenho milhões de boas lembranças de nós juntos. São 35 anos de amizade. Era um cara de alegria e carinho imenso com as pessoas", disse ela.


O ator  estava internado desde o dia 28 no hospital Pró-cardíaco. Segundo informações da "GloboNews", o ator teve há 12 anos câncer no pulmão e, há seis meses, o câncer voltou. No dia 28, ele foi internado com um quadro de insuficiência respiratória e infecção.


Seu último papel na TV foi na minissérie "O brado retumbante". Hugo ficou conhecido por interpretar Waldomiro Pena, nos anos 80, em "Plantão de polícia", da TV Globo. Dirigiu os filmes "Vai trabalhar, vagabundo", "O homem nu" e "A casa da mãe Joana".


Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Objetos de Hugo no velório
(Foto: Marcos Serra Lima/EGO)

Carreira
Hugo começou a carreira no teatro, onde encenou "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna. Aos 18 anos, fez sua estreia nos cinemas em chanchadas. Em 1967, trabalhou ao lado de Gláuber Rocha no filme "Terra em transe" e depois repetiu a parceria nos filmes "Câncer" e "O dragão da maldade contra o santo guerreiro".



Durante a ditadura militar, começou a frequentar o Teatro Opinião, de resistência à ditadura, que o levou a militar diretamente na campanha das Diretas Já. Foi presidente da Fundação de Artes do Rio de Janeiro, a Funarj, durante o governo de Leonel Brizola.


Veja no vídeo abaixo os famosos que prestaram uma última homenagem para o ator e diretor Hugo Carvana durante o velório.

 
Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcello Sá Barretto/Agnews)Martha Alencar, mulher de Hugo, com a filha, Rita (Foto: Marcello Sá Barretto/Agnews)
Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcello Sá Barretto/Agnews)Maria Clara, filha de Hugo, vela o pai (Foto: Marcello Sá Barretto/Agnews)
Pedro, filho do Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Pedro, filho do Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Filho ajuda a levar o caixão  (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)
Velório de Hugo Carvana (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)Cartaz do filme Bar Esperança foi colocado no local do velório (Foto: Marcos Serra Lima/EGO)