ARIPUANÃ, Quinta-feira, 02/05/2024 -

NOTÍCIA

Alan diz que pagou dívidas não declaradas de Taques em 2014

Governador e secretário classificam como "tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-los em ações criminosas"

Data: Terça-feira, 20/12/2016 00:00
Fonte: MÍDIA NEWS/ DOUGLAS TRIELLI
 

Marcus Mesquita/MidiaNews

 

O empresário Alan Malouf (de azul), durante depoimento ao Gaeco

 

 

O empresário Alan Malouf, preso sob a acusação de participar de um esquema de corrupção na Seduc (Secretaria de Estado de Educação), afirmou ao Gaeco, durante depoimento no última sexta-feira (16), que ajudou o governador Pedro Taques (PSDB) a pagar por débitos não declarados de sua campanha eleitoral, em 2014.

 

Aos promotores de Justiça, o empresário disse: “Ao final da campanha, houve um débito de campanha não declarado, sendo que Pedro Taques me pediu apoio para o pagamento desse débito. Ajudei nessa composição, mas não me recordo, por hora, do montante”.

 

Alan relatou ao Gaeco que, em março ou abril de 2014 foi procurado por “seu amigo” Pedro Taques, em sua residência, ocasião em que o então senador lhe teria dito que gostaria de se candidatar ao Governo do Estado.

 

Ao final da campanha, houve um débito de campanha não declarado, sendo que Pedro Taques me pediu apoio para o pagamento desse débito. Ajudei nessa composição, mas não me recordo do montante

 

“Ele me solicitou ajuda no sentido de conseguir apoio de partidos e pessoas. O grupo de apoio à sua candidatura era formado por mim e outros empresários”, disse.

 

Segundo Alan, após vencer as eleições, Taques lhe perguntou se ele teria pretensão de ocupar algum cargo no Governo. Ele teria dito ao governador eleito que “não queria nada”.

 

No depoimento, Alan Malouf reafirmou que, a pedido de Pedro Taques e seu primo Paulo Taques, atual secretário-chefe da Casa Civil, realizou o evento da posse do governador, no buffet Leila Malouf, da qual é sócio.

 

Segundo ele, o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, um dos mais influentes da gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), garantiu que o pagamento da festa de posse seria feito pela empresa Kamil Eventos.

 

“Mas nunca recebi qualquer valor referente aos gastos, uma vez que Paulo Taques me disse que não poderia receber por esta empresa pois ela estaria sendo investigada. E nunca mais recebi nada do Governo referente a esta questão”, disse.

 

Por meio de nota, o governador Pedro Taques e o secretário Paulo Taques classificaram as declarações de Alan "como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-los em ações criminosas das quais jamais tiveram conhecimento, tampouco delas deram ordem ou participaram".

 

"(Eles) lamentam, ainda, que o investigado tente envolvê-los nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação - com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informam que constituirão advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça", diz a nota (leia a íntegra abaixo).

 

"Recebi R$ 260 mil"

 

Malouf também disse aos promotores de Justiça que foi procurado pelo empresário Giovani Guizardi, casado com sua prima Jamille Grunwaldi, que lhe disse que relatou a ocorrência de um esquema na Seduc, com envolvimento de empresários do setor da construção e servidores da pasta.

 

“Ele me disse que havia descoberto um jeito de arrecadar o dinheiro referente aos pagamentos das dívidas da campanha do governador Pedro Taques. De pronto, eu recusei a participação no esquema. Mas em uma segunda reunião com Giovani, decidiu aderir ao esquema deixando que ele gerenciasse tudo”, afirmou.

 

O empresário Alan Malouf também confessou que recebeu aproximadamente R$ 260 mil do esquema na Seduc, diretamente de Giovani Guizardi.

 

“Recebi o valor em três ou quatro vezes, por meio de envelopes contendo dinheiro que foram entregues em minha residência ou nas dependências da minha empresa”, afirmou.

 

Outro lado

 

Confira na íntegra a nota emitida pelo Palácio Paiaguás, rebatendo e negando o teor das declarações de Alan Malouf:

 

"Acerca do depoimento do investigado na Operação Rêmora, Alan Malouf, ao GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e NACO (Núcleo de Ações de Competências Originárias) do Ministério Público de Mato Grosso, no último dia 16, e divulgado à imprensa nesta segunda-feira (19.12), o Governo de Mato Grosso vem a público esclarecer o que segue:

 

01) O governador Pedro Taques e o secretário da Casa Civil, Paulo Taques, negam enfaticamente as afirmações levianas e absurdas do investigado Alan Malouf sobre a fantasiosa existência de valores não contabilizados (o chamado “caixa dois”) na campanha de 2014, e reiteram que todas as movimentações financeiras do referido pleito eleitoral encontram-se devidamente registradas na Prestação de Contas do PDT, partido pelo qual Pedro Taques disputou àquelas eleições - inclusive as despesas ainda não pagas – sendo que a prestação de contas da campanha foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

 

02) O governador e o secretário afirmam, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados.

 

03) O governador e o secretário classificam as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-los em ações criminosas das quais jamais tiveram conhecimento, tampouco delas deram ordem ou participaram. Lamentam, ainda, que o investigado tente envolvê-los nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação - com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informam que constituirão advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça.

 

E a verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos.

 

04) Por fim, o Governo do Estado esclarece que, embora o investigado tenha mantido relacionamento social com Pedro Taques, suas empresas jamais venceram qualquer licitação ou contrato na administração estadual a partir de 01 de janeiro de 2015, uma vez que o governador, por estrita obediência às leis, nunca interferiu e jamais interferirá em qualquer processo de aquisição ou licitação no âmbito do Governo do Estado ou em qualquer outro Governo."

 

Cuiabá-MT, 19 de dezembro de 2016.

 

GCOM – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso