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NOTÍCIA

Modelo de sustentabilidade é mostrado ao mundo pelo setor Madereiro

Data: Segunda-feira, 01/03/2010 00:00
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Fonte: Diariocuiaba

Depois do fundo do poço, atividade se reestrutura, vira a mesa e se prepara para redenção, com sustentabilidade, em MT

MARCONDES MACIEL

Depois de chegar ao fundo do poço com o desencadeamento da Operação Currupira, que fez ampla varredura e desarticulou esquemas de fraudes na derrubada da floresta nativa, o setor madeireiro de Mato Grosso se organizou e caminha em ritmo acelerado rumo ao seu desenvolvimento. “As perspectivas são ótimas. O setor está organizado e dá passos consistentes para o seu crescimento. Vislumbramos o início de um novo ciclo madeireiro em nosso Estado”, anuncia o engenheiro florestal Júlio César Bachega, diretor executivo do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado (Cipem).

Segundo ele, a imagem negativa da exploração florestal deu lugar nos últimos anos a uma nova realidade em Mato Grosso. E o responsável por esta “virada de mesa”, na opinião de Bachega, foi a adoção do manejo florestal sustentável, que garante a perenidade das espécies por gerações e gerações.

De acordo com levantamento da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), os números da exploração florestal são inversos quando colocados numa comparação direta entre as atividades madeireiras e agropecuárias. Enquanto no período de 2006 a 2009 foram aprovados 388 projetos de exploração convencional para a pecuária e agricultura, nada menos que 974 planos de manejo florestal sustentável para o setor madeireiro foram aprovados pelos órgãos de controle ambiental.

“Isso denota a grande preocupação do setor madeireiro com a conservação da floresta nativa”, aponta o engenheiro florestal Bachega. Atualmente, ainda segundo dados da Sicme, são 1,684 mil empreendimentos madeireiros manejando 2,6 milhões de hectares que estão sendo preservados com a estrutura e composição das espécies florestais em Mato Grosso.

Os municípios com o maior número de projetos de manejo em andamento no Estado são Juara (15,7%), Colniza (8,1%), Aripuanã (6,4%), Nova Maringá (5,8%), União do Sul (5,2%) e Nova Bandeirantes, 5,0%. As espécies mais exploradas são o cedrinho (15,01%), cambará (10,13%), amescla (5,82%), cupiúba (4,88%), angelim (3,99%) garapeira (3,84%) e, itaúba, 3,57%.

MODELO – Bachega diz que Mato Grosso hoje é um “modelo para o país e para o mundo” na questão da exploração sustentável da floresta amazônica. “Em nenhum lugar do mundo se faz uma exploração da forma tão transparente como a que estamos fazendo. O trabalho realizado em Mato Grosso está disponível na internet e a qualquer pessoa – em qualquer lugar do mundo – pode acompanhar e ver como estamos atuando”.

Ele diz que as autoridades mato-grossenses estão procurando divulgar as ações realizadas em Mato Grosso. “Precisamos mostrar à comunidade internacional que o que se faz aqui é algo inédito, um exemplo para o planeta”, diz, lembrando que Mato Grosso conta com uma área de 800 mil hectares passíveis de serem desmatadas, mas que estão sendo conservados sob projetos de manejo. “O setor de base florestal é extremamente contra o desmatamento, seja ele legal ou ilegal. E considera um absurdo que em algum lugar ainda se abata floresta para abertura de fronteiras agrícolas”, critica Bachega.

O Cipem também se preocupa em resgatar a imagem de Mato Grosso e uma das ações foi a participação em reuniões de Genebra e na Conferência de Copenhague. “O resultado de todo este esforço são os avanços que estamos alcançando nos últimos anos”, avalia Bachega.

NÚMEROS - Em 2009 o setor movimentou a economia de 33 municípios, gerando faturamento bruto de R$ 1,9 bilhão, além de contribuir para o superávit da balança comercial de Mato Grosso. As vendas de produtos de origem florestal ultrapassam R$ 1,70 bilhão, sendo 12,28% para exportações, 69,84% para outros estados brasileiros e o restante (17,88%) para o mercado doméstico.