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FHC: 'É natural' disputa entre Alckmin e Doria por candidatura

Ex-presidente também considerou positivo partido ter dois nomes em destaque

Data: Segunda-feira, 11/09/2017 00:00
Fonte: Fernando Mellis, do R7
FHC, Alckmin e Doria participaram de evento nesta segunda
FHC, Alckmin e Doria participaram de evento nesta segundaRenato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo
 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já trata de maneira aberta a possível disputa interna no PSDB entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito da capital, João Doria, pela candidatura à Presidência em 2018.

 

Nesta segunda-feira (11), FHC disse ser saudável a disputa entre os dois.

 

— Eu acho bom. Quanto mais competição melhor. É tudo mais na boca dos outros do que na deles. Mas eu acho que é natural que as pessoas aspirem posições. E que se faça no momento apropriado, de forma aberta, e que o partido tome decisões.

 

Na opinião dele, é positivo para o PSDB ter mais de um nome em evidência para as eleições do ano que vem.

 

— Quantos partidos têm pelo menos dois? O PSDB sempre foi atormentado por perguntas: “mas vocês têm A, B, C ou E. Quanto mais nomes melhor.

 

FHC também negou que possa haver embate entre Alckmin e Doria. Os dois também estiveram presentes no evento do Lide, empresa criada pelo prefeito de São Paulo.

 

— Não sei se tem embate. Os dois são muito amigos.

 

Alckmin discursou rapidamente no evento e fez questão de destacar a agenda conjunta com o prefeito da capital, em uma sinalização de que o clima permanece o mesmo entre os dois.

 

— Dizer da alegria de estar com João Doria três dias seguidos. Primeiro, no desfile de 7 de Setembro, depois na entrega de 112 apartamentos em Paraisópolis e agora aqui neste encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso.

 

O ex-presidente falou sobre a necessidade de um “cristal novo” dentro do PSDB. Porém, ao ser questionado se estava se referindo a João Doria, foi enfático ao negar.

 

— Eu disse claramente que o novo são as ideias. Quem for capaz de ter uma narrativa convincente é quem tem mais chance de ganhar. A narrativa tem que ser construída e está sendo construída. Não se trata somente de dizer se é esse ou aquele [o candidato], é quem vai dizer o que, qual é a proposta, vai tocar no coração de quem?

 

Ao comentar uma declaração do presidente do PSDB, Tasso Jereissati, de que Alckmin era o "primeiro da fila" na disputa interna do partido, Fernando Henrique esclareceu a expressão. 

 

— Ele deve estar se referindo ao seguinte: Geraldo está há mais tempo na vida eleitoral. Nesse sentido, é o primeiro da fila. Isso significa que tem lugar garantido? Não.

 

Para ele, as prévias do partido, defendidas por Alckmin, não podem ser substituídas pelas pesquisas de opinião, que favorecem Doria, e vice-versa. 

 

— Pode haver pesquisas de opinião, vai haver. Isso vai ter peso, sempre tem peso. Esse peso será suficiente para impor a decisão aos militantes do partido? Isso é outra questão. Aí pode haver prévia também, além da pesquisa de opinião.

 

Lava Jato

O ex-presidente também comentou a reviravolta na delação dos executivos da J&F e o depoimento do ex-ministro petista Antonio Palocci.

 

— O Palocci era um homem da intimidade do governo. Então, isso vai ter peso na compreensão do que aconteceu, certamente. Ele disse de uma maneira muito racional, muito fria, muito equilibrada. Claro que é a palavra dele. Mas há outros que dizem as mesmas coisas, outros dizem outras coisas. A Justiça vai ter que peneirar isso e tomar uma decisão.

 

A anulação do acordo de delação premiada de Joesley Batista e Ricardo Saud não deverá enfraquecer uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer, na opinião de FHC.

 

— Se além do indício, encontrar elementos comprobatórios de um crime, é claro que isso vale. Deve valer. O fato de que a pessoa é bastante fanfarrão não é suficiente para anular, se os indícios levarem a alguma coisa. E não é só nesse caso, é em todos os casos.