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NOTÍCIA

Para desespero de consumidores, gás de cozinha pode chegar a R$ 130

Data: Terça-feira, 15/06/2021 18:47
Fonte: GAZETA DIGITAL/ Silvana Bazani

Preço do gás de cozinha em Mato Grosso se aproxima de R$ 130 com o último aumento de 5,9% aprovado pela Petrobras. Revendedores projetam que a cotação do produto no Estado irá alcançar R$ 150 até o final de 2021, com os sucessivos reajustes aplicados pela estatal brasileira.

Insumo básico para as famílias, o botijão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) mantém histórico de preços recordes para os consumidores mato-grossenses, sendo repassado por até R$ 125 o botijão (13 kg) atualmente, ainda sem incorporar a majoração mais recente. No Amapá, por exemplo, o valor máximo vigente é de R$ 103, informa a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Pelos cálculos do Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás (Sinergás) em Mato Grosso, o gás de cozinha terá acréscimo de R$ 3,50 por botijão e será revendido por até R$ 128,50 a partir de hoje, 15, nos municípios mais distantes de Cuiabá. Na Capital mato-grossense, a projeção dos varejistas é que o preço para o consumidor final alcance R$ 113,50.

Ao reajuste aplicado pela estatal petrolífera sobre o GLP nas refinarias - de 19 centavos por kg ou R$ 2,47 por botijão - é preciso considerar a elevação do preço de pauta em Mato Grosso, lembra o Sinergás. Desde o dia 1º de junho, vigora novo valor do Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), de R$ 8,09 (kg) ou R$ 105,17 por botijão (13 kg).

Anteriormente, o PMPF fixado pela Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso (Sefaz) era de R$ 7,48 (kg) ou R$ 97,24 por botijão (13 kg), conforme Ato Cotepe nº 17. No intervalo de 15 dias, o Fisco estadual elevou o PMPF em 8,15% ou R$ 7,93 por botijão.

A maioria esmagadora dos consumidores de GLP, em torno de 70%, são famílias de baixa renda, afirma o presidente do Sinergás, Alan Tavares. Para ele, os sucessivos reajustes de preços são incompatíveis com a realidade atual, de crise econômica decorrente da pandemia do novo coronavírus. Não dá para entender. Vai na contramão. (Os consumidores) vão usar lenha ou álcool (para queima)?, questiona. Se for balizar o preço internacional do petróleo, está caindo, diferente do que está ocorrendo na Petrobras, critica. Para ele, o governo de Mato Grosso também pode agir para tornar o insumo mais acessível para população reduzindo a alíquota de 12% do ICMS incidente sobre o gás de cozinha. Esse percentual cobrado em cima dos R$ 105,17 dá quase R$ 13 por botijão, observa. Procurada pela reportagem para comentar o assunto, a Sefaz não se posicionou até o fechamento desta edição.

Botijão acumula alta 

Em Mato Grosso o preço do botijão de gás (13kg) acumula alta de até 78,5% ou R$ 55 nos últimos 12 meses no varejo. O produto que custava no mínimo de R$ 70 em junho de 2020 passou a ser vendido por até R$ 125, ainda sem considerar o último reajuste de 5,9% aprovado pela Petrobras. A estatal petrolífera, por sua vez, majorou os preços em 62,39% neste mesmo intervalo, segundo histórico de preços informado pelo Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás (Sinergás) em Mato Grosso. Desde janeiro deste ano, o reajuste acumulado do botijão de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) nas refinarias chega a 30,28%.

O governo precisa acelerar as privatizações para aumentar a competitividade no refino para que não siga este modelo monopolista da Petrobras. Precisa também intervir no oligopólio das distribuidoras de gás, onde 4 distribuidoras detém 93% do mercado, afirma o presidente da Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás LP (Abragas), José Luiz Rocha. Defende, ainda, a criação de um programa social específico para que a população de baixa renda garanta o gás de cozinha.

Paguei R$ 100 pelo gás de cozinha, há um mês. É um absurdo porque nem sempre as pessoas tem dinheiro para comprar. Às vezes, tem que usar o único dinheiro que tem para comprar o botijão e deixa de comprar outra coisa, desabafa a aposentada Rita Correia Batista, 82. Proprietária de uma marmitaria, Gláucia Valéria da Cruz Dias também reclama dos aumentos do gás de cozinha. Por semana, precisa de 2 botijões para o preparo das marmitas, que vende a R$ 12 cada e entrega delivery. Faz um ano que aumentei o preço, mas a margem de lucro diminuiu muito, diz, acrescentado a alta dos alimentos na formação do preço final das refeições. Combinado a isso, as vendas caíram quase pela metade durante a pandemia. Abri a marmitaria há 6 anos. Cheguei a vender 70 marmitas por dia, mas hoje vendo em média 40".