Os garimpeiros que hoje atuam no Garimpo do Cururu, na terra indígena do Sararé, em Pontes e Lacerda (444 km de Cuiabá) estão migrando de território. O processo, lento e contínuo, agora mira territórios no município de Aripuanã, localizado a mais de 800 km de distância da terra indígena do Sararé, localizado perto da fronteira com a Bolívia.
Em entrevista ao Olhar Direto, a superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) Cibele Madalena Xavier Ribeiro, explicou que a migração começou em 2023, quando os garimpeiros ainda se concentravam na terra indígena da etnia Yanomami, no estado de Roraima. A terra indígena dos Yanomami é o maior território indígena do Brasil, com quase 10 milhões de hectares e que se estende do Amazonas e vai até Roraima. Há décadas, o território é alvo dos garimpeiros e em 2023, o governo federal decretou emergência de saúde pública na terra dos Yanomami.
A medida foi tomada depois que uma equipe do Ministério da Saúde esteve na região e encontrou indígenas em situação de desnutrição severa.
Com o cerco do governo federal se fechando, os garimpeiros foram expulsos, indo para o Pará, na terra indígena da etnia Ituna e Tatá, depois para a TI Sararé, em Pontes e Lacerda onde já foram alvos de diversas operações tanto da Polícia Federal, como do Ibama e o Exército Brasileiro. Sufocados, os garimpeiros miram seus olhos na direção do território de Aripuanã, no norte de Mato Grosso.
Contudo, apesar do processo migratório, a atuação nos garimpos ilegais das áreas já citadas ocorre há anos, com operações contra os garimpeiros no Sararé acontecendo desde antes de 2023.
Segundo Cibele, as denúncias começaram a chegar sobre a atuação dos garimpeiros em Aripuanã e que a explosão de casos apenas começou. A identificação da migração dos garimpeiros foi possível, segundo a superintendente, graças ao serviço de inteligência que monitora os veículos dos garimpeiros que cruzam o estado.
Há 56 dias, o Ibama realiza a Operação Xapiri, uma ação conjunta com as forças de segurança de diversos estados, mais a Guarda Nacional e que atua no combate à expansão do garimpo nas terras indígenas.
No último episódio, agentes do Ibama entraram em confronto direto com o Comando Vermelho, que estendeu sua zona de influência também aos garimpos.