Um estudo inédito da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a ESALQ/USP, divulgado nesta quarta-feira (08.10), revelou que o Mato Grosso é um dos Estados com maior demanda de investimento em estradas vicinais do país. O custo anual estimado para adequação e manutenção das vias rurais é de R$ 2,37 bilhões, segundo o Panorama das Estradas Vicinais no Brasil.
Com uma malha total de 137,9 mil quilômetros, sendo 23,6 mil km classificados como estradas terciárias, o Estado ocupa a sexta posição nacional em extensão viária e a quinta em malha rural estruturada. Essas vias têm papel essencial no escoamento da produção agropecuária, conectando zonas rurais a rodovias federais e estaduais.
O levantamento utilizou o Índice de Priorização de Estradas Vicinais (Ipev), ferramenta criada para definir quais regiões demandam intervenções mais urgentes. O índice considera fatores econômicos, sociais e ambientais, além do volume de produção agropecuária e das condições da malha.
Segundo o estudo, 16 microrregiões mato-grossenses foram classificadas como altamente prioritárias por apresentarem simultaneamente “alto Ipev” e “alta produção” em pelo menos um grupo de produtos. Entre elas, estão Parecis, Alto Teles Pires, Canarana, Arinos, Rondonópolis, Primavera do Leste, Sinop, Aripuanã, Paranatinga, Colíder, Tesouro, Tangará da Serra, Alta Floresta, Cuiabá e Alto Araguaia.
Entre essas regiões, Parecis se destaca por reunir quatro grupos de produtos classificados como de “alta produção”, com forte presença de soja, milho, cereais e cana-de-açúcar. Já Alto Teles Pires, onde estão Sorriso, Nova Mutum e Nova Ubiratã, aparece entre as áreas que mais demandam recursos R$ 306,7 milhões por ano apenas para recuperação e manutenção das estradas locais.
Outras regiões com altos custos de investimento são Canarana (R$ 237,1 milhões/ano), Aripuanã (R$ 237,4 milhões/ano) e Cuiabá (R$ 149,3 milhões/ano).
Conforme o relatório, 77% dos recursos estimados seriam destinados à adequação estrutural das estradas em más condições, enquanto 23% se aplicariam à manutenção de trechos em estado regular.
O documento também ressalta que as más condições das estradas impactam diretamente o consumo de combustível, as emissões de gases de efeito estufa e o tempo de transporte, reduzindo a competitividade do agro brasileiro nos mercados interno e externo.