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MT consolida cafeicultura familiar com investimento de R$ 4,4 mi em ciência

Data: Quarta-feira, 24/12/2025 12:22
Fonte: CenarioMT/ Vitor Eduardo Trevisan
Investimentos estaduais em pesquisa, mudas e tecnologia impulsionaram a produtividade do café em MT e fortaleceram a agricultura familiar.

O avanço da cafeicultura em Mato Grosso já apresenta reflexos diretos na renda de famílias do campo e na consolidação de um modelo produtivo baseado em ciência e tecnologia. Com apoio do Governo do Estado, a produção ganhou escala, produtividade e segurança técnica, aproximando o desempenho local das médias nacionais.

Entre 2019 e 2025, o Estado investiu mais de R$ 4,4 milhões na cafeicultura, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura Familiar e da atuação técnica da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Os recursos foram direcionados à entrega de mudas, equipamentos, máquinas, implantação de experimentos e atendimento direto a produtores familiares.

O foco da política pública foi a adoção do Robusta Amazônico, material genético desenvolvido pela Embrapa Rondônia e adaptado às condições de clima quente e úmido da Amazônia Meridional. Diferente do conilon tradicional, o híbrido apresenta desempenho produtivo mais estável no Estado, fator decisivo para a consolidação da cultura em diferentes municípios.

Segundo informações da Secretaria de Agricultura Familiar, no período analisado foram distribuídas mais de 2,6 milhões de mudas, além de máquinas recolhedoras e conjuntos de beneficiamento. O resultado foi um crescimento superior a 100% na produção e aumento de mais de 250% na produtividade, reflexo direto da tecnificação e do manejo orientado.

A secretária de Agricultura Familiar, Andreia Fujioka, destaca que o café passou a ocupar posição estratégica no desenvolvimento regional. De acordo com ela, a cultura garante renda contínua, fortalece economias locais e contribui para a permanência das famílias no campo, desde que sustentada por assistência técnica e pesquisa aplicada.

Pesquisa e modernização no campo

A cafeicultura existe no Estado desde a década de 1980, mas permaneceu pouco tecnificada por muitos anos. A mudança ocorreu a partir de 2015, com a criação do Programa de Revitalização da Cafeicultura, coordenado pela Secretaria e pela Empaer, com apoio da Embrapa. O programa ampliou o acesso a material genético melhorado, capacitou técnicos e estruturou pesquisas adaptadas ao solo e ao clima regionais.

Dados apresentados pela área técnica indicam que municípios como Colniza, Juína, Aripuanã, Nova Bandeirantes e Cotriguaçu lideram a produção estadual. Em Colniza, por exemplo, os investimentos em agricultura familiar entre 2019 e 2025 somaram R$ 9,4 milhões, incluindo máquinas beneficiadoras, secadores rotativos e caminhões.

O prefeito Milton Amorim avalia que o suporte técnico e estrutural foi decisivo para transformar o município em referência. Conforme a administração local, a combinação entre produtores interessados e apoio institucional fortaleceu a cadeia produtiva.

Validação científica e próximos passos

Desde 2021, a Empaer coordena o Projeto de Validação de Clones de Coffea canephora, com apoio da Secretaria, da Fapemat e da Embrapa. A iniciativa avalia produtividade, resistência e estabilidade dos materiais em diferentes regiões do Estado. Resultados preliminares apontam produtividades elevadas em alguns clones.

De acordo com a pesquisadora Danielle Helena Muller, os experimentos seguem protocolo técnico e terão resultados oficiais apresentados em 2026, após três safras completas. A expectativa é oferecer segurança técnica a produtores, viveiristas e gestores públicos.

Para a pesquisadora Dalilhia Nazaré dos Santos, o salto produtivo observado só foi possível porque a política pública se apoiou em base científica sólida, com especialistas, treinamento e validação genética. Segundo ela, grandes avanços no campo dependem diretamente de ciência aplicada.

O Governo do Estado informa que os investimentos na cafeicultura integram uma política mais ampla de fortalecimento das cadeias produtivas e da inclusão produtiva no meio rural. Os próximos passos envolvem a consolidação dos resultados das pesquisas e a ampliação do acesso dos produtores às tecnologias validadas.